Sem palavras flagra os deslocamentos e travessias que ocorrem durante um dia ao redor de um apartamento. Vindos de um país em ruínas, oito pessoas de diferentes corpos, imagens sociais, referências, histórias de vida e mundos imaginados passam por ali. A terra treme, o dentro e o fora se invadem e as gramáticas se reformulam. Uma cadela que late, uma travesti que ama e um homem que conta regressivamente são alguns dos fragmentos de existências que irão se desdobrar no palco, borbulhando em palavras. Para quem nunca teve direito à fala ou à escuta, as palavras transbordam.
A partir do esgotamento e insuficiência das velhas formas para as questões do nosso tempo, Sem palavras, peça do diretor e dramaturgo Marcio Abreu, vencedora do 33° Prêmio Shell de Teatro na categoria Melhor Dramaturgia, propõe uma reinvenção da linguagem através de histórias de corpos e lugares sociais diversos, que misturam teatro, dança, música e performance. Reivindicando a dimensão política e poética das palavras, ao reverberar não como lugar de poder, mas como corpo íntegro e permeável na sociedade, o texto compõe a imagem de uma multidão por vir, na qual cada singularidade vibra e ilumina possibilidades de vida.
Sem palavras encerra a trilogia iniciada por Marcio Abreu com Projeto bRASIL e PRETO (escrito com Grace Passô e Nadja Naira), também publicadas pela Coleção Dramaturgia da Cobogó.
Sobre o autor
Marcio Abreu é carioca, artista, diretor e dramaturgo. Pesquisa e cria obras em campos plurais e expandidos das dramaturgias, envolvendo as linguagens do teatro, da performance, do audiovisual, da dança e mais. É criador da companhia brasileira de teatro, sediada em Curitiba, além de trabalhar com artistas e pensadores de múltiplas linguagens, de diversas cidades do país e do exterior. Abreu recebeu por suas criações os prêmios Bravo, APCA. Shell, Cesgranrio, Quem, Questão de Crítica, Gralha Azul, entre outros. Foi cocurador do Festival de Teatro de Curitiba de 2016 a 2019 e curador em duas edições do Festival Midrash de Teatro, no Rio de Janeiro. Dentre suas obras estão Por que não vivemos? (adaptação da obra de Tchekhov, com a companhia brasileira e convidades); Preto (dramaturgia própria em parceria com Nadja Naira e Grace Passô); Nós e Outros (ambas com o Grupo Galpão); e o espectador (adaptação do texto de Matéi Vi§niec, codirigido com Enrique Diaz). A peça Sem palavras estreou em 2021, na França, passou pela Alemanha e chegou ao Brasil em 2022; em 2023, por essa peça, Marcio Abreu recebeu, junto com Nadja Naira, o Prêmio Shell de Melhor Dramaturgia.
Sobre o coletivo
A companhia brasileira de teatro é um coletivo de artistas de várias regiões do país fundado pelo dramaturgo e direto Marcio Abreu em 2000, em Curitiba, onde mantém sua sede num prédio antigo do centro histórico. Sua pesquisa é voltada sobretudo para novas formas de escrita e para a criação contemporânea. Mantém um repertório ativo e que circula com frequência dentro e fora do Brasil. Recebeu os principais prêmios das artes no país e segue com suas atividades de pesquisa e criação.
Sobre a coleção
A Coleção Dramaturgia publica, desde 2012, textos de dramaturgos da cena teatral brasileira e internacional. Os livros colaboram com o debate e a construção da memória do teatro do nosso tempo, marcando um novo registro do cenário da dramaturgia contemporânea. Em 2015, a Cobogó lançou ainda a Coleção Dramaturgia Espanhola, mais tarde a Coleção Dramaturgia Francesa (2019) e a Coleção Dramaturgia Holandesa (2022). A Coleção Dramaturgia possui mais de 100 títulos publicados, diversas peças premiadas, de mais de 70 importantes autores teatrais.
Ficha Técnica
Coleção Coleção Dramaturgia
Autor Marcio Abreu
Idioma Português
Número de páginas 80
ISBN 978-65-5691-098-7
Capa Pablito Kucarz
Encadernação Brochura
Formato 13 x 19 cm
Ano de publicação 2023